CONCERTO ESML | Antena 2 | portugalSOM

Dados do Evento

Data:
segunda-feira, 29 janeiro 2024
Hora:
19:00
Local:
Auditório VIanna da Motta
CONCERTO ESML | Antena 2 | portugalSOM
25 Jan.
2024

No próximo dia 29 de janeiro, no âmbito do ciclo de Concertos ESML | Antena 2 | PortugalSOM, será apresentado o seu 1.º concerto onde serão interpretadas obras de C. Reinecke e F. Pires.

PROGRAMA

Reinecke, Carl (1824-1910)
Trio, Op. 188
Horus Trio
Leonor Marinho | Oboé
Telmo Rocha | Trompa
José Maria Couto | Piano

Pinho Vargas, António
Quatro ou cinco movimentos fugidios de água
Trio ARO
Diogo Cocharra | Clarinete
Adriana Gonçalves | Violoncelo
Miguel Perdigão | Piano

Auditório Vianna da Motta | Entrada livre sujeita à lotação da sala

Acesso: Entrada SUL Campus de Benfica do IPL (estação de Benfica)

Notas de Programa

Trio, Op. 188

Reinecke foi um proeminente pianista, compositor, maestro e professor. Este trio, publicado em 1887, surge já numa fase de maturidade, tinha o compositor 63 anos de idade, ocupando a posição de maestro da Orquestra Gewandhaus e o lugar de professor no conservatório de Leipzig.
A sua linguagem enquadra-se na ala conservadora do romantismo, sendo as afinidades com Brahms e Schumann evidentes. Esta obra é disso prova, seguindo um convencional esquema de quatro andamentos. O primeiro em forma sonata, sério, em lá menor, o segundo um Scherzo em dó maior, o terceiro um Adagio de grande pungência expressiva em fá maior e um Rondo final, em lá maior, que não será tanto um rondo-sonata como uma forma sonata que o compositor fez habilmente soar como um Rondo, recuperando ainda, algo inesperadamente, o tema do andamento lento na reexposição.
Esta estrutura de forma clássica contém, ainda assim, um léxico harmónico algo arrojado, notem-se as progressões encontradas no desenvolvimento do primeiro andamento, que harmonizam o motivo B-A-C-H, a utilização da quinta aumentada no acorde da dominante, sobretudo no último andamento, ou o uso muito frequente de modulação por meio de acordes de sexta aumentada, por toda a obra.
O compositor terá sem dúvida construído aqui uma obra convincente e comunicativa, variada e bem proporcionada, dando igual destaque a todos os instrumentos e procurando a sua natural interacção, que constitui merecidamente o alicerce do repertório para piano, oboé e trompa.
José Couto, dezembro 2023

Quatro ou cinco movimentos fugidios de água

Antes de começar a compôr o Trio ouvi os trios de Brahms e Beethoven para me colocar na sonoridade desta peculiar formação instrumental. Admirei as obras, especialmente a de Beethoven, que já não ouvia há muito tempo, mas percebi claramente que, para esta obra, as referências aos clássicos estavam-me vedadas. Enquanto, por exemplo nos meus dois Ciclos de Canções de António Ramos Rosa de 1995 e Albano Martins de 2000, a sombra de Schubert e Schumann não tinha constituído um peso mas antes uma leveza. Neste caso o caminho tinha de ser outro. Cada peça reclama, sem dúvida, o seu modo de ser, o seu universo. Por outro lado, os” Quatro ou cinco movimentos fugidios da água” estão ligados pela proximidade cronológica à obra para piano solo “Holderlinos”. Trata-se de uma peça sobre as grandes variações de movimento que a água do mar proporciona, desde que haja disponibilidade para olhar para ele, da aparente imobilidade profunda dos fins de tarde, até à agitação impressionante das tempestades. Não fiz nenhum estudo das periodicidades fractais das marés. Penso que a arte não tem como objecto a natureza mas a memória dela, ou mesmo a própria memória da arte.

pelo próprio compositor, junho de 2001

Modificado em quinta-feira, 25 janeiro 2024 16:39
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