PEÇAS FRESCAS, 2016 - Teatro São Luiz

23FEV 24FEV (terça e quarta) 18h30 Teatro São Luiz Sala Mário Viegas

Novíssima Música Portuguesa
Estreia absoluta de obras dos alunos de Composição da Escola Superior de Música de Lisboa.

O projecto ’Peças Frescas’ é um ‘laboratório’ que permite aos alunos de composição da Escola Superior de Música de Lisboa experimentar o resultado das suas criações musicais.
Este projecto veio possibilitar a audição dessa música em concertos públicos, e num palco de referência da cidade de Lisboa.
Ao envolver os alunos de composição, instrumento, canto e direcção da ESML, o projecto PF permite também que se estabeleçam diálogos entre aqueles que inventam a música e aqueles que a dão a conhecer ao público, os intérpretes, interacção essencial para uma formação artística que se pretende dinâmica e completa.

 

PROGRAMA
23 FEV

3 canções sobre a memória das aves de Tiago Patrício
de Manuel Moreira
Voz: Rafaela Seipião, Vibrafone: Diogo Castro

Este é um ciclo de três pequenas canções sobre poemas do livro "a memória das aves" de Tiago Patrício. A escolha da instrumentação adveio da curiosidade de explorar dois instrumentos com registo semelhante, mas com timbres muito diferentes, sendo que o registo agudo metaforiza a altitude necessária às aves para se deslocarem.
O poeta, tal como eu, deixou-se inspirar por estes seres vivos, que nos convidam a voar não só pelas planícies do Ribatejo, como pela nossa mente.

Mais
de Rodrigo Cardoso
Mezzo-soprano: Sara Pedro; Violoncelo: Carlos Soares; Piano: Pedro Guimas

Mais do que tudo, odeio
Tantas noites em flor da Primavera,
Transbordantes de apelos e de espera,
Mas donde nunca nada veio.

O poema de Sophia transmite-nos a melancolia e a revolta pela circularidade que a vida nos traz devido ao desejo de uma realidade diferente que teima em não aparecer, e o esforço para que isso aconteça. Esta peça fundamenta esse texto através do ambiente e da tensão escura e circulatória que constrói.

Entropia
de Hugo Vasco Reis
Guitarra Portuguesa: Hugo Vasco Reis

Do ponto de vista físico, entropia é uma grandeza termodinâmica que mensura o grau de irreversibilidade de um sistema, encontrando-se geralmente associada ao que se denomina por "desordem" de um sistema termodinâmico. Ao observar a natureza como um sistema, podemos dizer que o Universo recebe constantemente energia, mas não tem a capacidade de cedê-la, concluindo então que a entropia do Universo aumenta com o passar do tempo, aumentando também mediante a liberdade interna de um sistema. Através da assimilação do conceito de entropia, foram definidas ideias, gestos e materiais, constituídos por pequenos motivos, que se desenvolveram com recurso a variações, restrições e liberdades (desordenadas e irreversíveis), aumentando o seu grau de capilaridade ao longo da peça.

Le vent murmure Ithaque
de Diogo da Costa Ferreira
Flauta: Adriana Rebelo

Naufragado num tempo quase infindo, o grande herói anseia regressar à sua pátria: abraçar o seu filho desconhecido, beijar os lábios eternos da sua fiel esposa. Décadas separam e unem este amor. Penélope suspira largamente, e o vento entrega a Ulisses as lágrimas absolutas da rainha de Ítaca: os murmúrios do vento são a voz da esperança.

Meeting
de Ana Catarina Barros
Marimba, Tam-tam: Sandra Pérez e Saxofone Barítono: Gabriela Figueiredo

Um caminho sem destino, quão familiar é?! Um caminho sem destino e com obstáculos, ainda mais familiar não?! Meeting, na sua essência é isso... o encontro de duas personagens que tinham vindo a traçar cada uma o seu caminho, o caos e o frenesim causados por esse encontro que contrastará com a calma e serenidade que se instala quando cada uma volta a encontrar o seu caminho.

Assimetrias
de João Llano
Ensemble de saxofones da ESML, Direcção: Alberto Roque
Sopranino: Pedro Barbosa; Soprano I: Miguel Carvalho; Soprano II: Elisabete Adão;
Alto I: João Bandadas; Alto II: Gabriela Figueiredo; Alto III: Dinis Carvalho;
Tenor I: Philippe Trovão; Tenor II: Raúl Gouveia; Tenor III: Rui Costa; Barítono I: João Carvalho; Barítono II: Rúben Neves; Baixo: Pedro Simões

Na Natureza, não existe tal coisa como "simetria". Tudo é assimétrico. Se há algo que possamos assumir como "simétrico", é porque nós,seres humanos, interpretamo-lo como tal, tendo em conta que éprecisamente como fazemos com a noção de linha recta (...será mesmo recta? Não será antes uma linha torta que interpretamos como "recta"?). E mesmo que haja tal coisa como "simetria" neste algo "simétrico", estamos certamente a falar de uma simetria que nunca será perfeita.

PROGRAMA
24 FEV

An Animated Epic
de Jorge F. P. Ramos
Flauta: João Vidinha; Clarinete: José Castela; Trompa: Pedro Silva;
Violoncelo: Margarida Pinto; Piano: José Diogo Martins

Esta obra foi composta durante o ano lectivo de 2011-2012 (11º ano). Foi construída como um projecto anual em que os alunos teriam de compor, reunir os músicos e ensaiar, de modo a ter a peça pronta para ser estreada em audição no final do ano escolar. Essa estreia que teve o seu lugar na história da música no dia 26 de Junho de 2013, na audição final do curso de Composição (12º) no Auditório Adelina Caravana - Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, Portugal.

A curiosa sensação de encher a noite enorme
de Inês Matos
Piano: Inês Nunes; Flauta: Rita Cordeiro; Clarinete: Hugo Bento

Acordo de noite subitamente,
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora.
O meu quarto é uma cousa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena cousa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única cousa que o meu relógio simboliza ou Significa
Enchendo com a sua pequenez a noite enorme
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...

Baseada neste poema de Alberto Caeiro, a minha peça pretende demonstrar e representar o momento passado antes do poema, ou seja, antes do sujeito poético “acordar subitamente”. Desta forma, é representado musicalmente todo o processo de passagem do sonho e da fantasia, para a realidade. O piano representa a presença do relógio no seu quarto, sempre presente e constante. A flauta representa a percepção do sujeito enquanto dorme, no início com um sono calmo mas que aos poucos de vai tornando mais irrequieto à medida que – inconscientemente – se vai apercebendo dos sons que o rodeiam, misturando-os com o sonho. E o clarinete a representa a “natureza lá fora” que embora pouco presente, é quase como o elo da ligação entre o relógio e o sonho.”

Fragmentos de um Alvor
de João Caldas
Violoncelo: Marco Madeira

Fragmentos de um Alvor procura realçar os aspectos da cor e luminosidade de uma alvorada. A telas estáticas opõem-se objectos em constante mutação (e não existe oposição sem o silêncio no meio) para, no final da peça, acontecer a síntese destes dois elementos: uma tela estática em mutação constante, realizada através de um grande e lento gesto ascendente, tal como um sol a surgir no horizonte.

L'adieu d'Apollinaire
de Carmen Pomet
Soprano: Susana Marques; Barítono: João Costa; Piano: Francesca Guatteri

Gostava que o foco de atenção daquele que assista à representação do poema L’adieu (Guillaume Apollinaire, 1913) esteja orientado essencialmente para a realização musical. A tradução para italiano do original em francês tem o fim de evitar possíveis justificações analíticas capazes de limitar a interpretação a uma ideologia ou estética da arte. Em 1856 é publicado no conjunto “Les Contemplations” (Victor Hugo) o seguinte poema:

Demain, dès l'aube, à l'heure où blanchit la campagne,
Je partirai. Vois-tu, je sais que tu m'attends.
(...)
Je marcherai les yeux fixés sur mes pensées,
Sans rien voir au dehors, sans entendre aucun bruit,
(...)
Et quand j'arriverai, je mettrai sur ta tombe
Un bouquet de houx vert et de bruyère en fleur

Em setembro de 1913 G. Apollinaire visita a tumba de Victor Hugo;
como prenda, Apollinaire deixa na sepultura uma urze dentro de um
poema.

J'ai cueilli ce brin de bruyère
L'automne est morte souviens-t'en
Nous ne nous verrons plus sur terre
Odeur du temps Brin de bruyère
Et souviens-toi que je t’attends

Diálogos
de Mariana Ramalhete Vieira
Percussão: Rodrigo Azevedo; Violoncelo: Marco Madeira

A ideia inicial desta peça surgiu da minha vontade de explorar técnicas e efeitos tímbricos possíveis de obter no violoncelo, através do uso de harmónicos. A percussão, nomeadamente o vibrafone, surge como complemento ao violoncelo, tentando fundir os timbres obtidos num discurso que se desenvolve naturalmente, como “perguntas e respostas”, mas também como contraste a esta sonoridade, através de outros instrumentos de percussão de altura indefinida.

Comprovisação nº 2
de Pedro Louzeiro
Saxofone (solista): Ricardo Toscano
Flautas: Dina Hernandez e Maria Nascimento; Clarinetes: José Castela e Paulo Bernardino; Fagote: Filipe Tomás; Trompa: Hugo Pascoal; Trompete: João Sousa; Trombone: Rodrigo Lage; Violinos: Beatriz Silva e Francisco Tomás Henriques; viola: Magda Pinto; Violoncelo: Margarida Pinto; Contrabaixos: Carlota Ramos e João Lucas

Mais um episódio da saga do Comprovisador - um sistema para coordenação entre improvisação livre e composição algorítmica em tempo real, com intérpretes humanos. Neste segundo episódio, para além da utilização em várias vertentes do contorno melódico criado pelo solista e da manipulação de parâmetros de expressividade musical, serão enfatizados os aspectos do ritmo e da instrumentação.

Modificado em terça-feira, 17 abril 2018 18:54

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